Linhas de Escuta no Território
Resumo
O Coletivo Margens Clínicas, entre atendimentos clínicos no consultório,
em grupos, estudos e outras formas de ativismos, vem buscando
instrumentos que auxiliem na luta de resistência ao genocídio da população
pobre, preta e periférica. Desde sua formação em 2012, orientamos
nossas ações em função de pensar e problematizar a promoção da
reparação psicológica de pessoas que estejam diretamente expostas às
inúmeras violações praticadas pelos agentes do Estado e suas derivações.
Entre lugares da clínica e da militância, nos questionamos e somos
questionados pela dúvida que retorna a cada passo: é possível promover
reparação psicológica àqueles que se encontram no alvo de uma violência
política? Quais são os vetores e as linhas de força que legitimam e
tornam possíveis, historicamente, a sustentação de realidades genocidas?
Quais são os pontos dessa rede que precisamos habitar, e os lugares
a reinventar, para desnaturalizar a violência política praticada e legitimada
socialmente contra o jovem preto, pobre e da periferia? A escuta
invariavelmente é ativa em todos os nossos espaços de atuação, sendo
um desafio pensar como promovê-la, e desde que lugar nos colocar.